Elmord's Magic Valley

Computers, languages, and computer languages. Às vezes em Português, sometimes in English.

State of the life

2014-10-17 01:37 -0300. Tags: life, mind, academia, mestrado, home, em-portugues

As pessoas gostam de dizer que o tempo passa rápido. Eu nunca concordei com essa afirmação; para mim, um ano sempre levou um ano inteiro para passar. Mas esse ano em particular está se puxando em termos de neverendingness. Para futuras consultas, e para quem tiver interesse, deixo aqui um registro simplificado dos fatos.

Em janeiro deste ano, meu pai se mudou para um apartamento em Porto Alegre, e eu, que até então morava em uma casa alugada de solidez questionável, me mudei para a recém desocupada casa. Após uma série de acidentes vivenciosos, cuja enarração está fora do escopo deste livro, encontrei-me por volta de julho dividindo a casa com meu pai e minha irmã, compartilhando com esta última um quarto de 2×2,5m, e tendo que cuidar da mesma no período da tarde. Uma vez que essa obrigação conflitava com a necessidade de comparecer à UFRGS para a bolsa do mestrado e a essas alturas eu já estava perdendo as estribeiras, em uma última tentativa de salvar um pouco da minha sanidade mental, falei com meus orientadores sobre a possibilidade de trancar a matrícula. No fim das contas, ficou combinado que eu poderia continuar realizando as atividades do mestrado remotamente (já terminei todos os créditos necessários (que a partir deste ano são 12, e não 24), e agora só me restam o Trabalho Individual e a dissertação e atividades relacionadas), eu fiquei mui faceiro, e ficou por isso mesmo.

Evidentemente, isso não foi nada produtivo, dada a falta de sossego e de coisas como uma mesa decente e isolamento e o fato de eu passar constantemente estressado ou cansado ou deprimido. Nesse meio tempo eu descobri que é possível comprar casas super-barato nas verdejantes terras de Viamãoheimr se o camarada não se preocupar com trivialidades como escritura e terreno em área verde, e comecei a catar locais para me mudar para no ano que vem. Depois de umas três ou quatro visitas a locais de solidez ainda mais questionável do que a anteriormente citada casa e em localizações pra lá de interessantes, eu larguei de mão essa idéia e decidi esperar até o fim do ano (quando eu me livro da obrigação de cuidar da criança) para alugar uma casa e me mudar.

No dia 15 de setembro, quando eu estava considerando trancar a matrícula pela (n+1)-ésima vez, eu me dei conta de que se eu alugasse uma casa suficientemente perto eu não precisaria esperar até o fim do ano para me mudar; eu podia me mudar agora e só ir para a outra casa à tarde. Até então eu estava tão fixado na idéia de comprar uma casa que isso nem me passou pela cabeça. Catei casa para alugar nas redondezas e encontrei uma elegante peça de 3×5m mais um banheiro para alugar por meia pataca. A saga para conseguir alugar esse bendito imóvel é uma história à parte que eu hei de postar em algum momento para a elucidação de todos os seres sencientes. Suffice it to say que sexta-feira da semana passada eu consegui me mudar para o lugar, e que turns out que 15m² são um tamanho bem razoável se bem utilizado e quando não se tem que dividi-lo com ninguém.

A situação está um pouco melhor desde que eu me mudei para cá. Por outro lado, até o fim do ano eu continuo tendo que brincar de babá às tardes e em outros momentos de interesse, entre outros eventos que me levam a questionar se o conceito de respeito pelo tempo dos outros existe na cabeça da população em geral ou se é alguma flutuação da minha imaginação, mas eu vou levando, pois é só até o fim do ano, e depois disso eu espero me sentir mais confortável em dizer não diante de proposições equiparáveis.

Quanto ao mestrado, by now I'm pretty sure de que eu não quero seguir a carreira acadêmica e viver de publicar papers. Aparentemente é possível ganhar uns bons trocos dando aula em instituições privadas de ensino superior sem ter que fazer pesquisa, e por enquanto este é o meu plano para depois que eu terminar o mestrado. (Para a minha definição de "uns bons trocos", pelo menos. Certamente não tanto quanto um professor titular de universidade federal, mas a carga horária é menor também. Eu não tenho a necessidade de ganhar rios de dinheiro e, contanto que eu ganhe o suficiente para levar uma vida decente e guardar uns trocados, eu prefiro ter mais tempo do que mais dinheiro. Eu me sinto um pouco desconfortável dizendo isso para as pessoas, porque é basicamente uma admissão de vadiagem, mas should it matter, se eu estiver me mantendo com meu próprio dinheiro sem pedir nada para ninguém? Enfim.) Eu tenho tido dificuldade em me motivar a fazer as atividades do mestrado, mas eu tenho levado, e o prognóstico de terminar isso tudo e deixar para trás é bastante animador.

By the way, lembram quando eu manifestei minha descrença pela idéia de que as aulas do mestrado "não são mais do mesmo"? Hell was I right. As predicted, as aulas são much the same thing (pelo menos as que eu tive). A melhor cadeira que eu fiz no semestre foi Programação Funcional Avançada, que nem era do mestrado (foi a cadeira que eu escolhi para realizar a Atividade Didática). Algoritmos e Teoria da Computação foi bacaninha também (em particular a parte de Teoria da Computação), mas nada muito diferente de uma cadeira da graduação. De resto, o semestre foi tolerável primariamente graças aos pães do Hélio. Also as predicted, a variedade de cadeiras (ou falta de) também limita as possibilidades de pegar apenas cadeiras em tópicos de interesse; aliás, os horários das cadeiras do mestrado são um tanto quanto mal-distribuídos (não há praticamente nenhuma cadeira às 8h30, por exemplo), o que aumenta a possibilidade de conflitos de horários entre cadeiras (semestre passado eu tive que escolher entre uma cadeira de programação paralela e uma de tendências em engenharia de software por conta do conflito de horários, por exemplo); soma-se a esse problema o fato de que a maioria das cadeiras é oferecida em apenas um dos semestres do ano, e que recomenda-se fortemente aos alunos cursarem todas as disciplinas no primeiro ano do mestrado. On the bright side, esse ano o PPGC resolveu reduzir o número de créditos obrigatórios do mestrado para 12, o que permite realizá-los todos no primeiro semestre.

Also on the bright side, eu consegui (depois de muitas conturbações, primariamente na minha cabeça) escolher um tema de dissertação em um assunto que me interessa. Vai dar um baita trabalho para implementar, mas pelo menos eu vou aprender coisas pessoalmente úteis para mim no processo.

Do futuro, falamos depois.

Comentários / Comments (6)

Marcus Aurelius, 2014-10-17 12:22:44 -0300 #

There, there (← Será que manifestei minha empatia de forma correta e socialmente aceitável? Vai saber...)

Sobre outro tema, referenciei teu blog de novo. Adivinha o tema! Dica: parece que é sobre gráficos de hortas ou algo assim...


Vítor De Araújo, 2014-10-17 13:12:39 -0300 #

@Marcus: Não muito, mas vou te dar um desconto por ter divulgado o blog. :P


John Gamboa, 2014-10-23 20:59:00 -0200 #

Nossa... 12 créditos tem o seu lado conveniente xP

Tipo... o Master aqui (to na Alemanha agora, tás sabendo? xP) é mais ou menos como que a parte das eletivas pra nós: tem 90 créditos + a Master thesis. Quando o bacharelado terminou eu tava, creio, tão desanimado quanto tu; mas agora estou tri revigorado, e curioso pra saber como será (aulas começam semana que vem \o/).

Hoje eu tava conversando com uns amigos sobre o "mundo acadêmico" e acabei pensando algumas coisas. Um colega (o Lucas Freire, sabe?) reclamou que a academia exige que a gente fique muito específico em um único assunto; eu fiquei pensando que a academia tenta te forçar a um só tópico porque normalmente as pessoas se acomodam naquele único tópico... e porque é naquele tópico que as pessoas têm "títulos" que de alguma forma as permitem ser "acreditáveis" como "autoridades" para falar sobre eles; mas isso não precisa ser assim... e talvez se a gente adquire títulos relacionados a vários tópicos, a gente pode se tornar acreditável por várias coisas. Nessa hora, fiquei orgulhoso de estar começando esse Master com o simples e único objetivo de usá-lo como uma "graciosa" transição entre CiC e Lingüística/Psicologia/Cognição/Filosofia da mente/Filosofia do Conhecimento (eu cada vez mais descubro que esses assuntos todos me interessam -- inclusive to fazendo uns cursos de filosofia no Coursera).

Outra coisa que o Lucas falou que me agradou -- e que achei que é de se falar, porque acho que concorda com a tua idéia de trabalho ideal -- é que ele quer ser rico em tempo, e não rico em dinheiro, i.e., ele quer trabalhar pouco pra poder ter tempo pra dedicar pro que ele quiser (como, sei lá, aprender a tocar violão, aprender a programar em Php, ...). Eu acho que a tua idealização de vida de trabalho é tri boa... mas ela tem uma "flaw": o que acontece se tu ficares doente e não puderes mais trabalhar? (ou se ocorrer algo que te exija uma certa soma alta de dinheiro que tu simplesmente não te deu ao trabalho de acumular quando tinha a possibilidade de) [o Estado infelizmente não tá muito disposto a te dar tratamento =/] Sei lá... é um problema que eu vejo que eu não sei como resolver.

Enfim... sei lá... essa postagem me fez pensar em muitas coisas... desculpa =S


Vítor De Araújo, 2014-10-23 22:43:19 -0200 #

Eu postei um comentário no teu blog há alguns dias perguntando em que área tu vai fazer teu Master aí, mas tu não me revelaste essa informação. :P Vai ser em alguma coisa lingüística?

Ser rico em tempo = exactly what I mean. (Mas não sei ou não lembro quem é o Lucas Freire. :P) E como eu disse no post, "guardar uns trocados" está previsto na minha contabilidade. Na real eu gasto menos de 1k por mês, então guardar dinheiro não é exatamente um problema pra mim. :P Besides, se tu ficar doente a ponto de não poder mais trabalhar, o INSS te salva (yeah, alguma coisa funciona neste país :P).

Não te perdôo, digo, esteja à vontade para comentar. :P

Boa sorte com o Master! Quanto a mim, depois que eu terminar o mestrado eu não tenho a menor intenção de continuar estudando coisas via academia. :P Assumindo que eu seja bem-sucedido nos meus planos de trabalho, me sobra bastante tempo para estudar e desenvolver coisas on my own (tipo estudar lingüística diacrônica e desenvolver o sistema operacional perfeito :P).


Victor Lombarde Vieira da Silva Biskollinsk da Silva Araújo Fonseca Pereira Ogonese Lamb Cardoso, 2015-03-26 17:02:10 -0300 #

Ola, amigo!!!
Otimo artigo, mas tem como você dar um exemplo de uso das operações?
Principalmente do If....

Obrigado...

Victor L V S Biskollinsk da Silva Araújo Fonseca Pereira Ogonese Lamb Cardoso


Vítor De Araújo, 2015-03-26 18:03:30 -0300 #

Prezado Sr. semi-xará alográfico,

A operação If opera de maneira condicional, a saber, condicionada à condição que condiciona a realização – ou não – do conseqüente, condizente com o que constitui a lógica clássica booleana.

No más,

Zhuangzi de Oliveira Þórðarsson II,
Vice-rei sexto suplente da República Onomástica de Vinland Pulcherior, Aquela Com o Símbolo do Mestre


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