Elmord's Magic Valley

Computers, languages, and computer languages. Às vezes em Português, sometimes in English.

Truques com SSH

2017-01-24 19:40 -0200. Tags: comp, unix, network, em-portugues

Pous, nos últimos tempos eu aprendi algumas coisinhas novas sobre o SSH. Neste post relato algumas delas.

Port forwarding

O SSH possui duas opções, -L e -R, que permitem encaminhar conexões de uma porta local para um host remoto e vice-versa.

Porta local para um host remoto

Imagine que você está na sua máquina local, chamada midgard, e há uma máquina remota, chamada asgard, que é acessível por SSH. Você quer acessar um serviço na pora 8000 da máquina asgard a partir da máquina midgard, mas você quer tunelar o acesso por SSH (seja porque você quer que o acesso seja criptografado, ou porque a porta 8000 simplesmente não é acessivel remotamente). Você pode usar o comando:

midgard$ ssh -L 9000:127.0.0.1:8000 fulano@asgard

O resultado disso é que conexões TCP feitas para sua porta local 9000 serão tuneladas através da conexão com fulano@asgard para o endereço 127.0.0.1, porta 8000 na outra ponta. Por exemplo, se asgard tem um servidor web ouvindo na porta 8000, agora você vai poder abrir um browser em midgard, apontar para http://localhost:9000, e a conexão vai cair na porta 8000 de asgard, tudo tunelado por uma conexão SSH.

Note que o 127.0.0.1 é o endereço de destino do ponto de vista do servidor. Você poderia usar outro endereço para acessar outras máquinas na rede do servidor. Por exemplo, se a máquina vanaheim é acessível a partir de asgard, você poderia rodar:

midgard$ ssh -L 9000:vanaheim:8000 fulano@asgard

e agora todos os acessos à porta TCP 9000 da sua máquina local cairão na porta 8000 de vanaheim, tunelados através da conexão SSH com asgard.

Opcionalmente, você pode especificar um "bind address" antes da porta local, para especificar que apenas a porta 9000 de uma interface de rede específica deve ficar ouvindo por conexões. Por exemplo, você pode usar:

midgard$ ssh -L localhost:9000:vanaheim:8000 fulano@asgard

para dizer que a porta deve escutar apenas conexões da própria máquina. (Por padrão, que interfaces serão usadas é decidido pela opção GatewayPorts do cliente SSH, que defaulta para ouvir apenas na interface local de qualquer forma.) Alternativamente, pode-se passar um bind address vazio (i.e., :9000:vanaheim:8000, sem nada antes do primeiro :), para ouvir em todas as interfaces. Dessa maneira, outras máquinas na sua rede local que acessem a porta 9000 de midgard também terão o acesso tunelado para a porta 8000 de asgard. (* também funciona ao invés da string vazia, mas aí você tem que escapar o * para o shell não tentar expandir.)

Porta remota para a máquina local

Também é possível fazer o contrário: instruir o servidor SSH remoto a redirecionar alguma de suas portas para uma máquina e porta acessível a partir da sua máquina local. Para isso, utiliza-se a opção -R. Por exemplo:

midgard$ ssh -R 8000:localhost:22 fulano@asgard

Isso faz com que a porta 8000 em asgard seja tunelada para a porta 22 da máquina local. Agora, se alguém na máquina asgard acessar a porta 8000 (por exemplo, com ssh -p 8000 beltrano@localhost), a conexão vai cair na sua porta 22 local (e a pessoa terá acesso ao seu servidor SSH local). Você pode usar isso se você está atrás de um firewall ou NAT e a máquina remota é acessível pela Internet, mas a sua máquina local não, e você quer dar acesso a algum serviço da sua máquina local à máquina remota. (Já abordamos isso por aqui antes, mas menciono de novo for completeness.)

Proxy SOCKS

O SSH é capaz de funcionar como um proxy SOCKS. Para isso, utiliza-se a opção -D ("dynamic forwarding"):

midgard$ ssh -D localhost:8000 fulano@asgard

Isso faz com que o SSH ouça como um servidor SOCKS na porta 8000 da máquina local. Conexões recebidas nessa porta serão tuneladas para a máquina asgard, que funcionará como um proxy. Você pode então apontar o proxy SOCKS do seu browser ou outra aplicação para localhost, porta 8000.

Outras opções úteis

-C habilita compressão da conexão. E útil principalmente com conexões lentas (numa rede local, a compressão não compensa muito).

Por padrão, se você usa um dos comandos de redirecionamento de portas acima, o SSH faz o redirecionamento e abre uma sessão de shell comum. Se você quer apenas fazer o redirecionamento, pode usar as opções -N (não executa comando remoto) e -f (vai para background (forks) depois de pedir a senha). As opções podem ser combinadas em um único argumento (e.g., -CNf).

Escapes e comandos especiais

Em uma sessão SSH, a seqüência ENTER ~ é reconhecida como um prefixo de escape para acessar uma série de comandos especiais. Se você digitar ENTER ~ ?, verá uma lista de todos os comandos disponíveis:

Supported escape sequences:
 ~.   - terminate connection (and any multiplexed sessions)
 ~B   - send a BREAK to the remote system
 ~C   - open a command line
 ~R   - request rekey
 ~V/v - decrease/increase verbosity (LogLevel)
 ~^Z  - suspend ssh
 ~#   - list forwarded connections
 ~&   - background ssh (when waiting for connections to terminate)
 ~?   - this message
 ~~   - send the escape character by typing it twice
(Note that escapes are only recognized immediately after newline.)

O comando ENTER ~ C abre um prompt onde é possível fazer e cancelar redirecionamentos de porta, com uma sintaxe análoga à das opções vistas anteriormente:

ENTER ~ C
ssh> ?
Commands:
      -L[bind_address:]port:host:hostport    Request local forward
      -R[bind_address:]port:host:hostport    Request remote forward
      -D[bind_address:]port                  Request dynamic forward
      -KL[bind_address:]port                 Cancel local forward
      -KR[bind_address:]port                 Cancel remote forward
      -KD[bind_address:]port                 Cancel dynamic forward

Pasmem.

Observações

O uso das opções de redirecionamento pode ser controlado/desabilitado na configuração do servidor. Consulte a man page sshd_config(5) para mais informações.

Comentários / Comments (2)

Marcus Aurelius, 2017-01-27 04:46:56 -0200 #

Excelente post!!!

Muito boa aula sobre algo que eu nem sabia que estava faltando no meu repertório mas agora me parece essencial :-)

Já tinha mexido um pouco com túneis SSH um tempo atrás, mas tinha sido com o PuTTY, na interface gráfica, e nem lembrava mais dos detalhes. Foi bom ver o equivalente na linha de comando e aproveitar para entender melhor todas as possibilidades relacionadas.

E esses escapes malucos aí? Só ENTER e til? Me pergunto como nunca aconteceu de eu digitar isso sem querer e zoar toda a sessão...


Vítor De Araújo, 2017-01-27 08:46:54 -0200 #

Pois então, eu fiquei 'perplecto' quando descobri esses escapes. Acho que não acontece de digitar sem querer com freqüência porque se o que vem depois do ~ não é um comando reconhecido o SSH simplesmente insere o ~ e o caractere sem falar nada pra ninguém.


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