Elmord's Magic Valley

Computers, languages, and computer languages. Às vezes em Português, sometimes in English.

Desexcelências do esperanto

2012-05-25 04:11 -0300. Tags: lang, conlang, esperanto, em-portugues

EDIT: Não sei como este post veio ao conhecimento de tanta gente. Os comentaristas podem se dar ao trabalho de ler o post original linkado no começo deste antes de dizer que "quando eu falar o esperanto" minhas críticas desaparecerão. Não é a mim que os esperantistas têm que convencer, é aos potenciais aprendizes da língua. No outro post eu argumentei em favor do esperanto, e só escrevi este post a pedidos. Respondi alguns dos comentários abaixo. Tenho um grande respeito pelo movimento esperantista, ainda que não seja mais ativo no movimento. Não me decepcionem, galera. Obrigado.

EDIT': Follow-up aqui.

EDIT'': Dada a tendência das pessoas a não ler os textos linkados antes de comentar e dada a incomodação que esse texto (que teve uma divulgação muito maior do que deveria) tem me causado, não é mais possível linkar este post a partir de outras páginas; a URL redireciona para lugares aleatórios. Por ora não vou desabilitar comentários, pois acho importante que os leitores possam dar sua opinião, mas vou simplesmente apagar comentários de gente que demonstre que não leu o post original antes de comentar (coisa que pelos logs de acesso do blog vi que pouquíssimos fizeram).

A pedidos, complemento o post sobre o esperanto com um resumo das críticas de natureza lingüística mais comuns feitas à língua.

Críticas freqüentes

Alfabeto e pronúncia

O esperanto usa um alfabeto de 28 letras: as letras q, w, x, y não são usadas, mas o alfabeto conta com seis letras acentuadas extra:

O objetivo dessas letras são dois: manter o princípio de uma letra para cada fonema da língua, e manter a grafia das palavras razoavelmente próxima da língua de onde a palavra saiu. A letra ĥ (e seu respectivo som) está em vias de extinção, tendo sido gradativamente substituída por k ao longo da evolução da língua (e.g., meĥanikomekaniko mecânica). Objetivos nobres ou não, o alfabeto é freqüente alvo de crítica, particularmente devido à dificuldade de digitá-lo. Antigamente visualisar texto em esperanto costumava ser um problema, mas com o suporte nativo a Unicode dos sistemas modernos esse problema praticamente não existe mais. Digitar ainda é um problema, embora sistemas GNU/Linux modernos normalmente aceitem, por exemplo, ^ + c para produzir ĉ. (O ŭ fica mais escondido: AltGr-Shift-9 produz o ˘.)

Outro alvo de crítica é o c, que tem som de ts, como é comum entre as línguas eslavas. A idéia por trás disso é manter a grafia das palavras próxima à das línguas de origem (cirklo "tsírklo", círculo) e ao mesmo tempo atribuir um som distinto a cada letra (o que exige dar um som ao c que seja distinto dos sons das letras s e k). Se por um lado isso produz palavras que têm uma aparência familiar, por outro lado produz maravilhas como pico ("pítso", pizza) e cunamo ("tsunámo", tsunami).

Milhares de ortografias diferentes já foram propostas. O aspecto do resultado não agrada muito aos olhos, e torna as palavras menos reconhecíveis. Um ponto interessante que já vi mencionarem é que o problema real não são as letras extra do alfabeto, e sim que o esperanto tem sons demais: eliminando os sons das letras extra, elimina-se as letras e a dificuldade que alguns possam ter de pronunciá-las. (Vale notar que os sons correspondentes às letras acentuadas não existem em latim, com exceção do ŭ.)

O acusativo

Muita, mas muita gente reclama da marca obrigatória do caso acusativo, que indica o objeto direto da frase, pela terminação -n. Um bocado de línguas marcam o acusativo (e.g., alemão, japonês, russo, finlandês), mas um outro bocado não marca (e.g., inglês, português, norueguês, chinês) [Edit: exceto vestigialmente em alguns pronomes, no caso das línguas indo-européias, como citado no post anterior]. Não tenho números, mas desconfio que a coisa fique 50-50*. A existência do acusativo é a principal fonte de guerras santas em fóruns esperantistas. É uma questão de gosto, no final das contas. O fato é que se não houvesse marca de acusativo em esperanto, provavelmente ninguém daria falta.

Um problema derivado é que a marca de acusativo não interage bem com nomes não-esperantizados que não terminam em vogais. Diz o Plena Manlibro de Esperanta Gramatiko que nesse caso pode-se usar o nome sem o -n, mas não creio que isso seja consenso; as regras originais da língua não se manifestam nesse sentido. Outra solução comum é adicionar -on ao final da palavra, incluindo a terminação de substantivo junto com a marca de caso (mi vizitis Liverpool-on "eu visitei Liverpool"), ou esperantizar o nome (mi vizitis Liverpulon).

Gender neutrality

O esperanto possui um sufixo para derivar o feminino de uma palavra (-in), mas não possui um sufixo equivalente para indicar o masculino. Tradicionalmente, boa parte (a maior parte?) das palavras que se referem a seres humanos eram tomadas como masculinas por padrão (similar ao que ocorre em português); hoje em dia o consenso é de que a maior parte dessas palavras são neutras (e.g., doktoro, sem maiores qualificações, pode ser um doutor de qualquer sexo); para outras palavras, não há consenso (e.g., amiko "amigo (ou amiga (ou não))"). De qualquer forma, é possível criar uma palavra feminina correspondente a partir dessas palavras neutras (doktorino), mas não há um equivalente para o masculino. Além disso, algumas palavras são inerentemente masculinas (e.g., patro "pai", da qual se deriva patrino "mãe", mas não há uma palavra diretamente equivalente ao "parent" do inglês, embora ocasionalmente se proponha genitoro, ou generinto (o particípio passado ativo de generi "gerar", i.e., "aquele que gerou")).

O esperanto possui um prefixo, ge-, que indica grupos de ambos os sexos: gepatroj significa "pais (e mães)". ge-, entretanto, implica a presença de ambos os sexos (gepatroj não é aplicável a um grupo de apenas homens ou apenas mulheres). Por esse motivo, tradicionalmente não se admite ge- com palavras no singular, embora ocasionalmente se veja gepatro como "parent".

Inúmeras vezes já se propôs o sufixo -iĉ como o masculino de -in (por analogia aos sufixos -ĉj e -nj, que formam apelidos de nomes masculinos e femininos, respectivamente), mas a adoção não é muito forte. A principal vantagem de se ter um sufixo especializado para o masculino é que sua presença em tese empurraria as palavras dubiamente neutras para totalmente neutras (i.e., amiko passaria definitivamente a servir para ambos os sexos, e amikiĉo e amikino seriam as formas gendered). Tenho que admitir, entretanto, que para mim (e provavelmente para muitos) o -iĉo soa horrível.

Essa para mim é a fatal flaw do esperanto. Ela é mais grave do que os outros problemas porque é um problema inerente à língua; não é algo que desaparece à medida em que se adquire fluência.

Uma crítica comum é que o esperanto não tem um pronome neutro de terceira pessoa. O problema aí são os falantes, não a língua: o esperanto sempre teve o pronome ĝi, que supostamente deveria servir como pronome neutro, mas que comumente, por analogia ao it do inglês, não se costuma usar para pessoas. (Já encontrei mil vezes a afirmação de que o próprio Zamenhof recomendava o uso de ĝi como pronome neutro para pessoas, mas nunca com citação de referência. [Edit: Jen via referenco. Dankon, Marcus Aurelius!])

Críticas menos freqüentes

Nomes dos países e seus habitantes

Em esperanto há duas classes de nomes de países e correspondentes gentílicos:

Segundo o Plena Manlibro (traduzido), "Zamenhof e outros falavam sobre uma distinção entre o velho mundo, onde os países pertencem a um povo particular, e o novo mundo, onde todos os povos são iguais. Isso foi mera teoria, que nunca se realizou na língua." So much para uma língua que pretende promover a igualdade entre os povos. Essa é a lesser fatal flaw, para mim, mas essa é fácil de corrigir, sem alterar a língua: basta não usar os nomes dos povos (e.g., hispano), e derivar o gentílico sempre a partir do nome do país (Hispaniohispaniano). Todos comemora.

Conclusão

No geral, como disse no outro post, o esperanto é uma língua muito bem feita, mais lógica e (conseqüentemente) mais fácil de aprender do que uma língua natural típica, e creio que esteja melhor que a concorrência (as outras IALs) nesse sentido. O sistema de derivação, em particular, mata a pau todo o mundo (até o Lojban, a famosa língua lógica). Porém, a língua possui seus problemas, alguns mais sérios que outros, o que atrapalha sua adoção. De qualquer forma, acho que vale a pena aprender a língua, nem que seja apenas pela boa noção de gramática que ela oferece e para ler a Neciklopedio. (Aos seres que ocasionalmente criticam o esperanto de ser "uma língua sem cultura" (o que da minha parte não seria defeito), favor ler os artigos da Neciklopedio sobre o movimento esperantista. Obrigado.)

* O 50-50 refere-se a marcar morfologicamente o sujeito e o objeto de maneira distinta. Nem toda língua que o faz usa o nominativo para o sujeito e o acusativo para o objeto. Algumas marcam o sujeito de um verbo intransitivo (sem objeto) com o mesmo caso do objeto de um verbo transitivo (são as chamadas ergativo-absolutivas). Algumas marcam o sujeito de um verbo intransitivo com um caso ou outro, dependendo de se o sujeito é o agente ou o paciente da ação (são as chamadas ativo-estativas). Algumas são nominativo-acusativas para a primeira e segunda pessoa e ergativo-absolutivas para a terceira. Algumas são ainda mais atípicas. Línguas são um negócio muito legal, se vocês querem saber.

Comentários / Comments (19)

Cayo, 2012-05-25 17:04:33 -0300 #

AMIQUITCHO


Vítor De Araújo, 2012-05-25 17:42:19 -0300 #

É pior do que eu tinha pensado. :P


James Piton, 2012-05-27 15:34:34 -0300 #

É, tem uma porção de "defeitos" que as pessoas imputam ao Esperanto. Como se diante da "Língua Perfeita" (do título do livro do Umberto Eco) as pessoas fossem aprendê-la com entusiasmo. Os defeitos do inglês são em maior número e grau e poucos, infelizmente, aprendem o inglês por sua belíssima literatura.

Deplorável o argumento de que o inglês e o português não têm acusativo... Por que soam então tão mal "Eu vi ela" ou o "I saw she"?...

Uso o Esperanto diariamente há 23 anos e os benefícios superaram, de longe, os "defeitos", por assim dizer.


José Mário Marques, 2012-05-27 16:52:14 -0300 #

Pior em que ou em relação a que, Victor?

Antes de fazer um prejulgamento sobre qualquer tema, ainda mais se se tratar de um tema complexo como é um idioma, necessário é, primeiramente, estudá-lo e conhecê-lo, sob pena de sua avaliação decorrer meramente de uma atitude preconcebida e nada racional.

De um ser inteligente, aguarda-se coisa melhor.

José Mário


José Mário Marques, 2012-05-27 17:00:56 -0300 #

Ah, desculpa, Victor.

Agora vi que vc. mostra desapreço à forma amiquitcxo.

Uso o Esperanto desde os 16 anos de idade (tenho hohe 66), e nunca senti como problemas as situaçoes linguísticas por vc. descritas.

A maioria dessas críticas advêm de pessoas na fase inicial do aprendizado, como se o Esperanto pudesse amoldar-se aos gostos estéticos de cada um, como se ela estivesse disponível para ser modificada ao talante de qualquer um. De fato, os esperantistas desde os primórdios (1894) deu um basta a estas questões, repetido na época do surgimento do ido, recusando essas iniciativas apressadas de modificar o idioma.

Hoje isso é totalmente inquestionável. Graças a essa postura o Esperanto avançou para se constituir em um idioma moderno, apto a qualquer uso. VAmos usá-lo e quem quiser que invente outro!.

José Mário


Adonis Saliba, 2012-05-27 18:52:18 -0300 #

Caro Vitor,

Não sei bem em que nível de Esperanto você está, talvez já tenha passado do nível básico e ainda não tenha lido qualquer obra em Esperanto ou falado o idioma com propriedade. Eu a falo (esse "a" é acusativo em português... caso não tenha percebido ainda) há mais de 45 anos e a utilizei em vários países do mundo. O valor dele comprovadamente é a sua internacionalidade, tanto fonética e gramatical, quanto politicamente tendo uma policultura de seus falantes.

Li centenas de obras em Esperanto e ouvi incontáveis palestras nos congressos de Esperanto. Uma língua perfeita para mim, apesar dos pequenos "defeitos" que aparecem ao olhar de um visitante na língua. Como pensar em Esperanto é gostoso! É desafiante e edificante! A síntese de compreensão que se consegue fazer no idioma é muito interessante e a sua riqueza vocabular, aparentemente contraditória, é um belo jogo de xadrez, indo do simples ao complexo, sem perigos de se perder na linha de compreensão.
Quando você falar Esperanto, Vitor, vai sentir que a maioria dos seus comentários perdem o sentido. Caso duvide, desafio-o a manter essa discussão em Esperanto e analisarmos ponto a ponto como você deixa muitos pecados em seus comentários.

Ĝis revido,
Plej amike
Adonis


juscelino gama, 2012-05-27 21:47:18 -0300 #

aprendi e uso o esperanto há vinte anos.
funciona com perfeição quase absoluta na fala e na escrita nos contatos internacionais.
é o idioma ideal para se fazer amigos, negócios e amores, internacionalmente.

mas um detalhe especial também precisa ser mencionado: a PROPEDÊUTICA do esperanto beira a magia, tal a sua característica FACILITADORA no entendimento da estrutura da nossa língua materna, bem como no aprendizado de quaisquer outras.
Esperanto é o show, vale a pena aprender e conferir de perto.

jsgama


Carlos Eduardo Bueno, 2012-05-27 22:06:18 -0300 #

Boa noite Vitor,

Como já houveram algumas comentários, e outros ainda virão, vou me limitar a comentar apenas uma característica mencionada a respeito da língua: Alfabeto e Pronúncia.

Critica-se a ligeira quantidade superior de 28 letras do alfabeto -- nada longe das habituais 26 letras largamente conhecidas através do inglês. Além disso, como você mesmo mencionou, uma letra (ĥ) está caindo em desuso -- confesso que não tenho conhecimento oficial sobre esta afirmação, embora tenha sido raro vê-lo em ação.

Ora, como sabemos que no Esperanto cada letra tem apenas um fonema, e que cada fonema é representado por apenas uma letra, logo concluímos que o Esperanto tem 28 fonemas. O Esperanto tem sons demais? Acabei de fazer uma rápida pesquisa em um dicionário básico de Inglês, e observei que a língua é falada através de, no mínimo, 36 fonemas.

Argumentando a sua crítica aos fonemas incomuns ao ocidente, como a letra 'c', gostaria de compartilhar o ponto de vista de que não podemos esperar que todas as letras do alfabeto do Esperanto (ou de qualquer outra língua) sejam similares às da nossa língua. Existe uma mistura entre várias línguas. Se não fosse assim, como esta língua poderia dizer que tende a ser justa entre todos os povos? Por esta razão ouve-se falar muito, entre os esperantistas de todos os cantos do mundo, que o Esperanto é familiar às suas línguas nativas.

Vitor e demais leitores, o Esperanto é uma língua fantástica. Não perfeita -- afinal de contas, ela foi feita por um homem --, mas a sua lógica na formação de palavras e sua regularidade são pontos positivos colossalmente superiores às suas pequenas falhas. Vale muito a pena dedicar algumas semanas estudando-a.


Vitor Mendes, 2012-05-27 22:36:13 -0300 #


- Dificuldade de pronúncia? vai ver como tem chinês e japonês aprendendo espearanto e ouve a opinião deles em relação à facilidade de aprender a pronúncia do esperanto em relação a outras línguas como o inglês.
-A existência do acusativo é a principal fonte oe guerras santas em fóruns esperantistas? participo do grupo "esperanto" no facebook há meses e nunca vi guerra santa sobre isso! Se tem gente que fala mal do acusativo é" iniciante, que está começando a aprender a língua não a dominando bem.
- "iĉ" ? São raríssimas as discussões sobre isso! é coisa de uma grupo muitíssimo pequeno que defende modificações no esperanto.
- "Zamenhof recomendava o uso de ĝi como pronome neutro para pessoas" Onde Zamenhof diz isso? o ĝi é para coisas, animais ou bebês quando não se interessa em especificar o sexo.


Vítor De Araújo, 2012-05-27 23:40:23 -0300 #

Quanto ao acusativo: admito que fui impreciso neste post; adicionei um esclarecimento.

Quanto à ausência de guerras santas: favor visitar a comunidade "Esperanto Brasil" do orkut, ou achar o Ĝangalo no web.archive.org, ou qualquer outro fórum com uma afluência razoável de gente falando esperanto. Se acabaram as guerras santas vou começar a ficar legitimamente preocupado com essa história de apocalipse...

Quanto ao "ĝi": eu disse que não tinha referências. Mas desconfio que o Unua Libro não proíba o uso de "ĝi" para pessoas.

Quanto ao valor propedêutico: foi citado no artigo anterior.

Quanto à minha competência como esperantista: estou meio enferrujado, mas aprendi o esperanto há uns oito anos, já li e usei bastante a língua, já participei de eventos periodicamente, e ajudei a traduzir o site do Fórum Internacional do Software Livre para o esperanto ano passado.

Quanto à língua não ser perfeita mas valer a pena aprender: foi o que eu disse o tempo todo.

Se alguém me disser como esse post veio ao conhecimento do mundo, ficarei grato.


Jorge Luiz (Esperantista de RO), 2012-05-27 23:46:13 -0300 #

Aprendi o Esperanto em 1975 em Natal/RN e cujo professor foi o José Mário Marques. Concordo plenamente com ele qdo diz: "Antes de fazer um prejulgamento sobre qualquer tema, ainda mais se se tratar de um tema complexo como é um idioma, necessário é, primeiramente, estudá-lo e conhecê-lo, sob pena de sua avaliação decorrer meramente de uma atitude preconcebida e nada racional. "
O meu TCC do Curso de Pedagogia (o qual conclui em dezembro último, e a defesa do meu TCC foi em 16/03/2012. E meu tema escolhido foi justamente o Esperanto, e enfrentei muito preconceito junto a comunidade acadêmica, parte de alguns professores e acadêmicos do Curso de Letras. O título do meu TCC foi "O ESPERANTO E A PRÁXIS PEDAGÓGICA: O PROCESSO COMUNICATIVO NO CONTEXTO INTERCULTURAL." E desejo agradecer publicamente através desse blog a valiosa colaboração do casal Gattapaglia na edição do nosso TCC. Através desse TCC eu e minha parceira, colega de Curso, comprovamos o inestimável valor Propedêutico no estudo de outros idiomas etnicos. Recebemos aprovação com nota máxima e com louvor da Banca Examinadora. Agora estamos elaborando um projeto de extensão universitária para realizamos um Curso de Esperanto junto a comunidade acadêmica, possivelmente já no próximo semestre. Eu e a minha parceira no TCC, Aurélia, fomos a segunda dupla a defender uma Monografia com o Esperanto com tema principal no nosso Campus e provavelmente em toda a UNIR (Fundação Universidade Federal de Rondônia).
Agradeço muito ao Esperanto o pouco que sei do Espanhol, pois por morar uma cidade fronteiriça com a Bolívia (separada apenas pelo rio Mamoré da cidade boliviana, Guayaramérin) é necessário ter pelo menos o mínimo de conhecimento do idioma do país vizinho. Graça ao Esperanto fiz amizade no Exterior que dura até hoje, e fiz em 1975.
Sempre que tenho oportunidade divulgo o valor propedêutico do Esperanto na aprendizagem de outros idiomas.
Ĝis!

Jorge Luiz (Esperantista de RO)


Carlos Eduardo Bueno, 2012-05-28 09:11:12 -0300 #

Bom dia Vitor,

Gostaria de pedir desculpas caso tenha lhe ofendido na defesa que realizei ontem a noite. Realmente não tinha conhecimento do seu primeiro post a respeito do Esperanto. Mantenho os argumentos que mencionei com relação às desexcelências, contudo agora entendo muito melhor o seu ponto vista (não apenas crítico) com relação à lingua.

Aliás, parabéns pelo post original, achei excelente -- inclusive a sua proposta de estratégia para a adoção mundial do Esperanto de forma natural. ;)

Abraço


Wagner Andre Johansson CWB-BR, 2012-05-28 09:35:04 -0300 #

Me parece que aqui o Esperanto conseguiu atingir um de seus objetivos. Ser uma opcao de idioma. Longe de ser considerado lingua morta ou idioma sem espaço, o Esperanto tem muuuuitos defensores e falantes ativos. E isso é bom. O aprendizado de qualquer idioma tem seus desafios. Eu mesmo conheço 5, contando com o Esperanto. Tenta dominar as declinacoes do Alemao, ou nao se perder nos heterosemanticos do espanhol...Trata-se de amar cada idioma, nao se ama o que nao se conhece e pra conhecer tem que estudar e se dedicar...Só isso.


Leandro Freitas, 2012-05-28 11:09:00 -0300 #

Bom dia, Vitor.

Eu gostaria apenas de apresentar um artigo bem interessante sobre o acusativo.

http://www.npoint.com.br/sementeira/estruturas-linguisticas-e-acusativo.pdf

Não há dúvidas de que o acusativo causa certa dor de cabeça para o iniciante, principalmente porque nós brasileiros não conhecemos nossa própria língua materna (língua essa que não marca de forma explícita todas as formas de objeto direto). Mas quando você diz que "[...] se não houvesse marca de acusativo em esperanto, provavelmente ninguém daria falta", isso me causa espanto, porque parece ser uma opinião pessoal não embasada em estudo científico ("provavelmente"), mas inserida num post que trata o assunto quase que academicamente. Não critico o seu ponto-de-vista: critico uma afirmativa específica como esta, que, na minha opinião, deveria ser repensada. E, para mim, sim, se tirassem o acusativo do esperanto, muita gente protestaria.

Mas parabéns pelo artigo. Sóbrio. Interessante. Como esperantista e estudante acadêmico do esperanto, não concordo com algumas coisas, mas isto são detalhes.

Brakumon!!

Leandro Freitas


Cayo, 2012-05-28 14:14:23 -0300 #

Suscitaste a fúria dos encarnados!


Carol Nogueira, 2012-05-28 21:46:00 -0300 #

Cara! Se não tinha guerra santa, agora tu acabou de gerar o.O Também estou me perguntando como isso veio ao conhecimento do mundo, já que ninguém respondeu ao teu questionamento =P


Ocimar Lemos, 2012-05-29 01:57:26 -0300 #

O esperanto já não é mais projeto de língua. Está em pleno uso há mais de um século, enriquecendo-se a cada dia. Por que você, que se diz linguista, cobra lógica de algo alógico como as línguas. E veja que o esperanto foi a língua que mais se aproximou da lógica em sua concepção. Por que você não aplica sua erudição para falar também das desexcelências do português, do inglês, do francês, do latim etc? Falou o que quis, ouviu o que não quis!


Vítor De Araújo, 2012-05-29 02:30:45 -0300 #

@Ocimar Lemos: Mas olha só. Falei o que quis, sim, meu blog serve pra isso. Nunca me declarei lingüista; no máximo, já me declarei como "lingüista de fundo de quintal". Se o senhor tivesse se dado ao trabalho de ler o post original, saberia que eu defendo a adoção do esperanto como língua universal. Mas isso não quer dizer que a língua não tenha defeitos, e fechar os olhos para eles não vão fazê-los ir embora. De qualquer forma, acho que isso não desmerece o esperanto; o objetivo do post não era negar o valor do esperanto, e sim responder à dúvida que me foi colocada no post anterior sobre quais problemas existiam na língua.

(Quanto ao esperanto ser a língua se mais se aproximou da lógica: discordo. No mundo das IALs Volapük, Ido, Glosa não deixam muito a desejar no quesito lógica. No mundo das conlangs em geral, Lojban e Ithkuil são muito mais lógicos do que qualquer outra dessas. Mas nas competências de língua internacional, acho que o esperanto ganha dessas outras, pela facilidade de aprendizado e naturalidade.)

Por que eu não venho falar das desexcelências das línguas citadas? Porque são línguas naturais, e ninguém está propondo sua adoção universal. O caso do inglês é diferente – e o esperantista rapidamente apontará ao prospectivo aprendiz como o inglês é cheio de irregularidades e o esperanto é uma alternativa melhor de língua universal. O ponto aqui é que o esperanto foi construído como a solução de um problema (a comunicação internacional), e as línguas naturais não.

Eu escrevi um post em resposta ao caos que este aqui gerou. Faça o favor de lê-lo, se tiver tempo.


Marcus Aurelius, 2012-05-29 12:16:53 -0300 #

(também não sei como isto ficou tão famoso, só sei que foi anunciado numa lista de e-mails)

Uma coisa que tem me incomodado é que virou mania responder às críticas ao esperanto dizendo que o autor delas é um iniciante e vai mudar de opinião quando aprender melhor a língua. (E eu sei que o Vítor sabe bastante!)

Tem muita gente com um baita conhecimento sobre o esperanto e mesmo assim tem suas críticas. Ainda bem, porque não devemos ficar cegos às imperfeições do que apoiamos, muito menos devemos negá-las (os defeitos não vão desaparecer).


Referência ao uso de «ĝi» para humanos:
http://ttt.esperanto.org/Ondo/L-lr.htm#11Personaj
ver sob o título PRI PRONOMO POR “HOMO”
tl;dr: gramaticalmente «ĝi» é mais lógico e totalmente correto, mas quem não gostar pode usar «li». Infelizmente parece que a maioria não gosta da sugestão do «ĝi» e vão para o lado do li/ŝi ou coisas do tipo. Quando eu posso, eu puxo para o lado do «ĝi».


O que eu gosto do esperanto é que, apesar dessas arestas não-aparadas, dá pra ver que ele foi realmente projetado com a intenção de ser útil. Dá pra entender que no meio de tanto vocabulário e regras de formação de palavras, o nome dos países não tenha ficado tão regularizado; ou tenha faltado um sufixo exclusivo para o masculino (muitos dão um jeito com o prefixo vir-, e eu até acho o -iĉ- simpático se usado com moderação, ou seja, para evitar ambigüidades); ou que no século 19 não foi possível prever que computadores teriam mais facilidade para manipular o símbolo @ do que um Ĉ. Outras línguas construídas parecem querer simplesmetne "ser diferentes" sem necessariamente ajudar (em Ido, se diz omnádie ou omnadíe? pra que letras duplas em Interlingua?) e as línguas naturais têm uma forte resistência a modificar grafias que praticamente imploram "me corrijam, me corrijam" (tough, though, through, thought).


Das desexcelências mencionadas, acho que o mais difícil é ganhar aceitação do -iĉ- (infelizmente). Relativo ao alfabeto, podemos usar Ĉ, CH ou CX. Sobre países, eu uso hispaniano, japaniano quando surge a chance. O mesmo sobre «ĝi».


Se o -n não existisse no esperanto desde o início, concordo que dificilmente proporiam sua inclusão (ou seja, não notariam a falta). Mas já que existe, deixa aí. Uma língua não pode mudar regras básicas a cada 10 anos, estabilidade é importante (nisso também entra o -iĉ-). Se não existisse o -n, provavelmente achariam outro tópico para discutir, como a transitividade (acordar alguém é veki e acordar sozinho é vekiĝi, mas podia muito bem ser vekigi (fazer acordar) e veki).


Algumas coisas são impossíveis de corrigir, como a estranheza a certas palavras. Sempre vai ter alguém que acha isso ou aquilo estranho. Pra quem passou a achar normal haver cidades chamadas Chicago e Boston, dá pra se acostumar com "pico" ou um possível "amikiĉo" no futuro.


Tem algumas coisas das críticas ao esperanto que se veem em fóruns que dá vontade de responder: "Deixem de ser malas!". Por exemplo:

— Tenho problemas com o Ĉ.
— Use CH.
— É ambíguo.
— Use CX.
— Acho feio.
— Deixa de ser mala, já te dei 3 opções!


— Não gosto do acusativo.
— Boa notícia, com nomes próprios não esperantizados (e outras palavras, como ambaŭ, iom, multe, etc.) não precisa usar!
— Ah, não precisa? Mas então seria bom criar a preposição «na» para marcar acusativo nesse caso!
— Deixa de ser mala!


— Hispanio, hispano; Brazilo, brazilano. É irregular.
— Você pode usar Hispanio, hispaniano. Perfeitamente regular.
— Não gostei, prefiro Hispanejo, Hispanlando, Hispanirumbola. [o último exemplo é fictício]
— Deixa de ser mala!


Pra oficilizar um sufixo masculino, acho que o melhor é o seguinte:
[1] ficar conhecido e respeitado no movimento esperantista, sem propor nada, seguindo apenas as regras fundamentais;
[2] depois de algum tempo, escrever uma obra literária de alta qualidade ou uma gramática com algumas pequenas características experimentais, incluindo a proposta;
[3] ????;
[4] profit!

Quem quiser testar, depois me avise se o plano está indo bem ou não :-p


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